terça-feira, 26 de maio de 2009

Com saúde também se brinca e se educa!



Soldados de brinquedo representam as células de defesa. Bolinhas coloridas, o HIV. Um microscópio ajuda a saber o tamanho do vírus e uma seringa, a falar sobre o tratamento. Ao serem retirados de uma maleta colorida, esses e outros objetos auxiliam em uma hora delicada: a de contar a uma criança que ela foi infectada pelo HIV.
A revelação do diagnóstico a quem adquiriu o vírus por transmissão vertical -da mãe- é uma preocupação de quem lida com esses pacientes. Muitos chegam à adolescência sem saber da doença.
"Os pais resistem, e não é fácil mesmo. Vários mentem, dizem que o filho tem leucemia, otite", diz Eliana Galano, psicóloga do Centro Estadual de Referência e Treinamento em DTS/Aids e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), que usam o kit.
Além de dar margem a que a criança saiba da doença bruscamente por terceiros, o silêncio é ruim para sua saúde emocional. "Elas criam fantasias assustadoras, imaginam que o vírus é enorme. E colaboram muito menos com o tratamento", conta Galano.
Se os pais autorizam e a psicóloga avalia que a criança está pronta, ela conduz o processo. "Falo que o vírus é pequeno, mora no sangue e deixa os soldados desmaiados se o tratamento não for seguido", exemplifica Galano.
Medo de que o filho os culpe ou seja discriminado dificulta a revelação por parte dos pais. "O preconceito ainda é forte", diz Heloísa Helena Marques, infectologista pediátrica da USP (Universidade de São Paulo).
Não há receita nem idade certa para a revelação, mas a notícia não deve ser dada bruscamente e nunca deve passar da adolescência. Na infância, é recomendável saciar a curiosidade da criança, sem necessariamente ir além.
Segundo Marques, um estudo de 2006 mostrou que, após a revelação, a reação inicial é de tristeza, mas o resultado final costuma ser de alívio -para pais e filhos.

FLÁVIA MANTOVANI
EDITORA-ASSISTENTE DO EQUILÍBRIO

Fonte: Folha de São Paulo

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