sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Tim Maia - Vale Tudo O Musical

Tim Maia - "Vale Tudo, O Musical" traz pela primeira vez aos
palcos a história de um dos maiores ídolos da música brasileira




Espetáculo de Nelson Motta com direção de
João Fonseca no Teatro Carlos Gomes

“Tim Maia foi o ser mais livre que eu conheci”. A frase de Nelson Motta sintetiza de forma ampla e ao mesmo tempo precisa uma das figuras mais controversas, anárquicas e amadas que a música deste país já produziu. Tudo em Tim Maia é superlativo: o talento instintivo e avassalador, o temperamento explosivo, o tamanho, as confusões, os adjetivos... Morto em 98, ele permanece intacto no imaginário e na memória do brasileiro, que transformou em história as lendas (verídicas, neste caso) do mito bonachão. Agora, o ‘síndico do Brasil’ tem sua vida revista pela primeira vez nos palcos com ‘Tim Maia – Vale Tudo, o Musical’. E nas proporções que fazem jus a ele: texto adaptado da biografia ‘Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia’, de 2008, escrita pelo grande amigo e ‘espectador’ Nelson Motta, com direção do consagrado João Fonseca e produção de Sandro Chaim. A estreia nacional será dia 05 de agosto, no Teatro Carlos Gomes, para temporada de apenas um mês. O espetáculo tem patrocínio da Oi, Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, e apoio do Oi Futuro.
 O elenco é encabeçado pelo jovem Tiago Abravanel, de apenas 23 anos e sete musicais no currículo, que tem a responsabilidade de trazer à cena toda a complexidade de Tim Maia. “Quando vi o Tiago na audição, fiquei impressionado. O fraseado, a expressão, a voz... o Tim já estava ali”, relata João Fonseca. Isabella Bicalho, Lilian Valeska, Pedro Lima (Jorge Benjor, Seu Altivo e Manoel Jacinto), André Vieri (Juanito), Bernardo La Roque (Chico Buarque eTom Jobim), Reiner Tenente (Roberto Carlos, Nelson Motta), Evelyn Castro (mãe), Pablo Ascoli (Erasmo Carlos, Carlos Imperial e Edu Lobo), Anna Carbatti e Leticia Pedroza completam a escalação. “Para os demais papéis, chamei atores que conhecia ou com quem já tinha trabalhado. Nem foram necessárias aulas de cantos, todos já vieram totalmente preparados”, completa o diretor. Cada um deles interpreta de três a sete personagens, desde os pais de Tim Maia e figuras célebres como Roberto e Erasmo Carlos, Elis Regina, Jorge Benjor, Carlos Imperial, Chico Buarque e o próprio Nelson Motta, até presenças pontuais como os irmãos, músicos, amigos, entre outros.
 A amizade com Tim, conta Nelson Motta, começou em 1969, quando produziu para o disco de Elis Regina o dueto que apresentou ao mundo o vozeirão do cantor, ‘These are the songs’. Por isso, é testemunha de histórias incríveis, como as aventuras vividas nos Estados Unidos, no início da carreira, graças a um improvável convite da Arquidiocese. A viagem não terminou bem: Tim voltou ao Brasil deportado, acusado de roubar um carro e de portar substâncias ilegais.
Do livro para o palco, o processo de transposição do texto foi todo muito orgânico e em parceria: “Fui amigo do Tim a vida inteira, sabia tudo dele. Então foi fácil e muito prazeroso escrever, porque o João Fonseca me ajudou muito com a sua visão teatral, cênica de espetáculo. Sou de uma escola jornalística, narrativa, linear, e ele me estimulou a criar cenas livremente”. Esta foi a segunda experiência de Nelson com teatro. A anterior havia sido ‘A Feiticeira’ (de 76), em parceria com Fauzi Arap e protagonizado por Marília Pêra. “É muito difícil”, dá a pista sobre os motivos da bissexta volta à dramaturgia teatral e emenda: “Além desse auxílio luxuoso - e decisivo - do João, também é uma obra em progresso, que vai sendo adaptada e ajustada durante os ensaios, de acordo com as possibilidades que se abrem. Para mim é tudo novidade. E estou tomando gosto!”.
O diretor João Fonseca optou por estruturar a narrativa em blocos temáticos, que são ilustrados por clássicos de Tim que remetem conceitualmente a cada passagem. A cena se desdobra a partir da infância pobre no bairro carioca da Tijuca, o contato com a música e as primeiras bandas que integrou, como ‘Tijucanos do Ritmo’, ‘The Sputniks’ e ‘The Snackes’, quando conheceu Roberto Carlos, Jorge Benjor e Erasmo Carlos. Momentos como a partida para os Estados Unidos, em 1959, e a posterior deportação por roubo e porte de drogas; a eclosão da Jovem Guarda e a gravação do primeiro disco; a primeira grande paixão, Janete, e as discussões explosivas travadas entre o Rio e Londres em diversas idas e vindas; o período em que aderiu à ideologia ‘Racional Superior’; a explosão popular; os filhos; a formação da banda Vitória Régia...todos os acontecimentos são permeados por episódios memoráveis (e na maioria das vezes hilários) radiografados com precisão de detalhes por Nelson Motta.
 Fiel à construção narrativa concebida por Nelson e João, o cenógrafo Nelo Marrese projetou a área cênica como um palco de show com paredes e objetos de estúdio, os dois lugares onde Tim Maia se sentia mais à vontade. A partir disso, há 14 trocas de cenário através de adereços e elementos alegóricos. “As mudanças ocorrem a cada bloco temático. Por exemplo, a infância é representada por um imenso varal de roupas e objetos de praia; a primeira banda dele, por semáforos e uma lambreta de verdade; já na fase ‘racional’, o palco fica todo branco; no final, usamos globo de discoteca e um telão de led”, explica Nelo.
 Reproduzir a estética sonora da Vitória Régia, banda formada por Tim em 1976 e que o acompanhou por 22 anos, foi a escolha do diretor musical e arranjador Alexandre Elias: “A Vitória Régia teve várias formações ao longo dos anos, com 8, 9 ou 10 músicos, de acordo com as escolhas do Tim em cada momento”. Conversando com amigos que tocavam na banda, Alexandre chegou à formação mais constante, com dois sopros, teclado, guitarra, baixo e bateria. Mesmo tendo mudado a sonoridade ao longo da carreira, o que se ouvirá no espetáculo é o Tim Maia da black music: “ O Tim foi o precursor da soul music no país, voltou dos EUA muito influenciado pelo som da Motown, e criou por aqui aquilo que se chama de ‘música preta brasileira’. Optamos por ressaltar as variações do Tim Maia como cantor e compositor ao longo da carreira através da sonoridade mais característica dele, totalmente black music, de canções antológicas como ‘Azul da Cor do Mar’, entre tantas outras”, finaliza Alexandre.
 E assim, uma das trajetórias mais impressionantes da música brasileira é narrada pela primeira vez nos palcos. Sebastião Rodrigues Maia, Tião Marmiteiro, Tim Maia, uma profusão de personagens diversos dentro de um só, aquele responsável pela trilha sonora das vidas de uma legião de fãs até hoje. Ou como muito oportunamente concluiu Nelson Motta após encontrá-lo em Nova Iorque pela última vez, em 97, “Estava muito feliz de reencontrá-lo tão alegre e bem-disposto, achei até que estava um pouco mais magro - embora ainda imenso (...). Só consegui sair de lá horas depois de muita conversa e gargalhadas, entre várias rodadas de café completo, ovos mexidos e incessante carburação, me divertindo com as histórias que qualquer ficcionista consideraria inverossímeis, mas eram apenas fatos e acontecimentos corriqueiros do cotidiano de Tim Maia".
 A banda que se apresenta ao vivo é formada por Cássio (teclado), Leandro Vasques (baixo), Bezaleel (sax tenor), Marcelo Rezende (guitarra), Josias Franco (trompete) e Tiago Silva (bateria). Completam a equipe o iluminador Paulo César Medeiros, o figurinista Rui Cortez e a coreógrafa Sueli Guerra. O musical é uma produção da Chaim Produções Artísticas, Inverso Produções, Miniatura 9 e Rinoceronte Produções. Este projeto é patrocinado pela lei de incentivo a cultura do Estado do Rio de Janeiro.
Foto Caio Galucci

Foto Paula Kossatz




  
SERVIÇO
 ‘Tim Maia - Vale Tudo, o Musical’
Temporada de 05 de agosto a 11 de setembro (de quinta a domingo)
 
Teatro Municipal Carlos Gomes
Praça Tiradentes, 19
Telefone: 2232.8701
 
Horários de 5ª a sábado às 20h
domingo às 18h
 
Preços: R$ 40,00 (5ª , 6ª e dom)
R$ 50,00 (sábado)
 
Vendas ticketronic (http://www.ticketronic.com.br ) ou na bilheteria do teatro
Horário da bilheteria:
de terça à sexta das 14h às 18h
 
Duração do espetáculo: 2h e 10 min
Classificação etária: não recomendado para menores de14 anos
Capacidade do teatro: 685 lugares

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