segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Meu Livrinho Vermelho
Uma antologia de histórias sobre a primeira menstruação, coletadas de mulheres de todas as idades ao redor do mundo. As contribuições vão desde as histórias mais divertidas (a organizadora, por exemplo, estava usando um maiô amarelo em seu “grande dia”, enquanto fazia ski aquático) às mais desesperadoras (como a da menina que descobriu sua menarca estando prestes a ser revistada por oficiais nazistas). Mulheres de diferentes gerações e culturas, de simples desconhecidas até as que se tornaram ícones, compartilham suas reações diante do sinal mais revelador da feminilidade.
Dentre as mulheres que contribuíram para o livro estão Meg Cabot, Cecily Von Ziegesar, Diablo Cody, Erica Jong e Judi Blume.
MEU LIVRINHO VERMELHO
Rachel Nalebuff
Ano: 2012
Páginas: 256
Preço: 37,90
Editora Record
Leia o primeiro capítulo:
Yodelay Uh-oh, 1982
Perdoem-me, mas eu estava usando macacão — do tipo
maquinista de trem da loja OshKosh B’Gosh — e uma
bandana cor-de-rosa na cabeça. Acabara de fazer 12 anos
naquele verão, mas não tinha sequer um vestígio de seios
e minha mãe ainda trançava meu longo cabelo louro. Eu
estava passeando com nossos dois bodes com coleiras de
cachorro no jardim gramado da casa de veraneio da minha
família no leste do Canadá — uma verdadeira Heidi. O ar
tinha cheiro de feno recém-cortado. Eu podia ver minha
mãe através da grande janela da cozinha, fazendo para si
uma salada da Dieta de Beverly Hills. Ela havia chegado a
46 quilos. Eu estava cantando sozinha. Karma chameleon.
With a rebel yell. Eu não era nem um camaleão nem uma
rebelde... ainda. Mas havia beijado meninos. E roubado um
picolé. Eu tinha um jeans de veludo verde justo da Gloria
Vanderbilt e um casaco de pele falso. Até já havia ficado
bêbada uma vez. Eu tinha potencial.
Os bodes estavam me puxando na direção do arbusto
de lilases, que era estritamente fora dos meus limites,
quando a senti, quente e pegajosa, na minha calcinha. Eu
havia lido Are you there, God? It’s me, Margaret. Havia até
experimentado um daqueles absorventes gigantescos que
eles fornecem em aviões. Eu questionara as garotas mais
velhas na escola. Eu sabia o que era aquilo. Sabia até onde
minha mãe guardava os absorventes internos. Corri para
dentro de casa.
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Nossa professora de educação sexual, que por acaso
era a esposa do psiquiatra da minha mãe, havia demonstrado como funciona um absorvente interno tirando-o do
aplicador e introduzindo-o em uma garrafa de água. As
instruções do lado da caixa de OB pareciam complicadas
e exigiam movimentos demais dos dedos. Onde estava o
aplicador?
— Mamãe? — berrei, meu rosto vermelho de vergonha.
Eu não conseguia me lembrar da última vez que a chamara
para o banheiro. Nos últimos tempos, passara muito tempo
tentando mantê-la fora.
— Ah! — suspirou ela quando lhe mostrei minha calcinha suja de sangue ralo. — Bem, droga. Você sabe o que
é isso, não sabe?
Eu revirei os olhos. Ela pegou a caixa de OB.
— Isso não vai funcionar — interrompi.
— Bem — disse alegremente. — Acho que vamos ter
que ir às compras! — Ela procurou embaixo da pia e encontrou um pacote quase vazio de protetores de calcinha.
Então, buscou uma calcinha limpa para mim e foi contar
para o meu pai.
Quando me sentei para jantar, meu pai expressou sua
chateação por ter que ficar a maior parte do dia seguinte
fora. Ele queria pegar nossa lancha e fazer um piquenique.
Mas as lojas mais próximas ficavam a mais de uma hora de
distância e, se tivéssemos que ir, era melhor aproveitarmos
ao máximo, comprando comida no SaveEasy e roupas na
Zellers, a única loja de roupas na cidade.
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— Não pode simplesmente enfiar um trapo ou uma
toalha velha lá? — perguntou meu pai.
Nem é preciso dizer que fomos às compras.
— Cecily von Ziegesar, Brooklyn, NY
Cecily von Ziegesar é autora das séries It Girl e Gossip Girl, sendo que
a última virou um programa de TV extremamente viciante. Cecily tem
dois filhos e um gato chamado Pony Boy que está ficando careca.
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